O início no Vasco e a decisão que mudou o rumo
Anderson Talisca virou assunto no Brasil, isso porque o jogador sinalizou a possibilidade de voltar ao futebol brasileiro e estabeleceu valor para ser repatriado. Atualmente no Fenerbahçe, ele teve uma breve passagem pela base do Vasco antes de surgir profissionalmente no Bahia, em 2008. Em entrevista ao Lance!, o meia-atacante relembrou a experiência no clube carioca e explicou como a falta de oportunidades o levou de volta ao Nordeste, onde iniciou a trajetória que o projetou no futebol brasileiro.
Na época, Talisca conciliava o futebol com a música e era integrante de uma banda em seu bairro. O convite para integrar a base do Vasco coincidiu com um momento delicado da vida pessoal, já que sua mãe estava grávida e dependia de sua ajuda financeira. Mesmo assim, com incentivo familiar, decidiu tentar a carreira no futebol no Rio de Janeiro.
“Eu recebi um convite do Vasco em 2008 e eu tinha show no dia de viajar. A minha mãe falou assim: “ou você vai para o futebol, ou você vai para a música”. Só que eu tocava numa banda de bairro, era uma banda famosinha, a gente ganhava 20 reais naquela época, que era muita coisa naquela época”, iniciou o jogador.
Um ano no clube e nenhuma oportunidade
Talisca detalhou que a decisão foi tomada após uma conversa longa com a mãe, que enxergava no futebol uma chance de transformação de vida. “Aí minha mãe falou assim: “você sabe que eu tô grávida do seu irmão, Walace, e eu não vou poder trabalhar, então eu preciso que você me ajude. Se você for para o futebol, a gente sabe que tudo pode mudar de um dia para o outro. Sobre a música, você sabe que tem que dar continuidade, tem que ensaiar todos os dias, vai ser um pouco mais difícil. Vá e tente, e se você não der certo, você volta, e você fica continuando fazendo sua música.””
Segundo o meia-atacante, a ideia inicial era permanecer apenas alguns dias no Vasco para um período de avaliação, mas a experiência acabou se estendendo. “E aí eu liguei para o dono da banda, o nome dele é Leiba, e falei que eu não poderia viajar, porque eu vou ter que viajar para jogar e fui para fazer o teste no Vasco. Aí eu fui para ficar 15 dias, fiquei um ano. Fiquei um ano no Vasco, passei no teste, me federaram”, completou.
Mesmo federado, Talisca não recebeu oportunidades em campo, situação que até hoje ele diz não compreender. O jogador cita que todo o processo formal foi cumprido, mas a chance de atuar nunca chegou. “Eu não sei o que aconteceu, quem cuidou de mim lá foi o Álvaro, filho do Eurico, ele era o diretor da base também. E aí eu não sei porque não me colocaram lá. Até hoje é uma história da minha vida que eu não entendo, eu fui, fiquei, me federaram, fizeram tudo, só que não me colocaram para jogar, não sei por qual motivo.”
Volta à Bahia e trajetória de sucesso

Anderson Talisca, do Fenerbahçe, comemora após marcar o segundo gol de sua equipe durante a partida da Trendyol Süper Lig entre Fenerbahçe SK e Konyaspor, no Estádio Ülker Şükrü Saracoğlu, em Istambul, Turquia, em 15 de dezembro de 2025. (Foto de Ahmad Mora/Getty Images)
Sem espaço no Vasco, Talisca retornou à Bahia, retomou a rotina como músico e acabou recebendo uma nova oportunidade no futebol de forma inesperada. “Aí eu voltei, aí comecei a tocar de novo na banda. Certo dia, eu tava fazendo um amistoso no campo da escola e passou um cara e falou que queria me levar para o Bahia. Eu aceitei, sem compromisso, porque eu era músico também e fui. Aí era para ficar sete dias, eu fiquei sete anos”, contou Anderson.

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No Bahia, o meia-atacante estreou profissionalmente e se consolidou como uma das maiores revelações do futebol brasileiro da última década. Depois disso, construiu carreira internacional com passagens por Benfica, Besiktas, Guangzhou Evergrande, Al-Nassr e, atualmente, o Fenerbahçe, levando consigo a lembrança de um início interrompido no Vasco que poderia ter mudado sua história.




