Demissão de Paiva
Renato Paiva não é mais técnico do Botafogo. A demissão do português foi consumada após a eliminação no Mundial de Clubes, mas a ruptura com a direção já se desenhava há semanas. De acordo com o jornalista Bruno Braz, do UOL, John Textor acumulava insatisfações com o trabalho do treinador desde o empate sem gols com o Flamengo, em maio, quando questionou abertamente a escalação com três volantes e pediu um estilo de jogo mais ofensivo.
Estilo não agradava
O dono da SAF se incomodava com a postura conservadora da equipe e via em Paiva uma resistência ao modelo de jogo mais propositivo, que ele batizou como “Botafogo Way”. Na ocasião, Allan foi escalado como titular no lugar de Savarino, o que gerou desconforto com o empresário, que esperava ver o time mais criativo e agressivo, mesmo em clássicos.
Outro ponto de atrito foi o uso de Cuiabano no ataque. Embora o jogador tenha se destacado na função improvisada, Textor considerava que ele deveria ser utilizado apenas na lateral esquerda. Mesmo com boas atuações, o norte-americano aceitava a escolha apenas pelos resultados, sem realmente concordar com a lógica por trás das decisões do treinador.
A campanha no Mundial de Clubes elevou ainda mais a tensão. A estratégia defensiva deu resultado contra o PSG e levou o Botafogo a uma vitória histórica, mas Paiva repetiu a fórmula contra o Atlético de Madrid e, depois, contra o Palmeiras. Textor esperava uma abordagem mais ousada diante do time paulista, mas viu o Botafogo ser dominado e eliminado por 1 a 0 na prorrogação, o que selou a perda de confiança no técnico.
Irritação do elenco
Logo após a eliminação, Textor convocou jogadores, comissão técnica e funcionários para uma reunião no hotel onde a delegação estava hospedada, na Filadélfia. A reunião estava marcada para o período imediatamente após o jogo, já que o almoço havia sido planejado apenas para depois da partida. No entanto, o dirigente atrasou cerca de 20 minutos, o que gerou incômodo e irritação no elenco, que aguardava com fome e sem paciência, ainda de acordo com informações de Bruno Braz.
O episódio serviu como estopim de um ambiente já desgastado. A relação entre Paiva e o grupo de jogadores vinha sofrendo erosão, ao passo que o distanciamento com a cúpula da SAF se tornava insustentável.
Busca por um novo técnico
A demissão do português abre nova etapa no clube, que agora busca um comandante alinhado à visão de John Textor e capaz de unir desempenho em campo, bom ambiente interno e o estilo ofensivo exigido pela SAF. Enquanto isso, o Botafogo tenta conter os danos de mais uma troca de técnico em meio a uma temporada repleta de expectativas e pressão.
