Ex-Vasco questiona decisão de final no Maracanã
A definição do Maracanã como palco da final da Copa do Brasil não passou sem debate no universo vascaíno. Embora a escolha tenha sido respaldada internamente por diretoria e elenco, a decisão abriu espaço para questionamentos, sobretudo de personagens históricos do clube. Um deles é Gilberto, ex-lateral campeão brasileiro e da Mercosul, que vê em São Januário um diferencial competitivo difícil de ser ignorado em partidas decisivas.
Com o empate sem gols no primeiro jogo, disputado na Neo Química Arena, Vasco e Corinthians chegam em igualdade para o confronto deste domingo, às 18h. Quem vencer no Maracanã conquista o título e assegura vaga direta na fase de grupos da próxima Libertadores, o que aumenta ainda mais o peso da escolha do estádio.
A opção pelo Maracanã seguiu a mesma lógica adotada nas semifinais contra o Fluminense. Segundo relatos internos, o entendimento foi de que o estádio oferece melhores condições estruturais e a possibilidade de receber um público maior. O goleiro Léo Jardim explicou esse pensamento após o duelo em São Paulo, destacando aspectos técnicos e simbólicos do palco da decisão.
“São Januário é a nossa casa, mas o Maracanã é um estádio onde todo jogador sonha jogar, ainda mais uma final. Tem o gramado melhor, a capacidade de torcedores que vão poder estar presentes”, disse.
O peso de São Januário nas palavras de Gilberto
Apesar do consenso interno, Gilberto defendeu publicamente o estádio de São Cristóvão como cenário ideal para uma final desse porte. Para ele, a proximidade da arquibancada com o campo cria um ambiente de pressão constante, capaz de influenciar diretamente o rendimento do adversário.
“Se eu pudesse, obviamente jogaria em São Januário. Tem muito mais pressão, a torcida fica muito mais próxima. Para todo jogador que já disputou jogos decisivos ali, com aquela torcida incentivando o tempo todo, São Januário é diferente”, iniciou.

Rodrigo Garro jogador do Corinthians disputa lance com Philippe Coutinho jogador do Vasco durante partida no estadio Arena Corinthians pelo campeonato Copa Do Brasil 2025. Foto: Joisel Amaral/AGIF
O ex-lateral também relembrou a decisão do Mundial de Clubes de 2000, justamente contra o Corinthians, disputada no Maracanã por imposição da Fifa. Segundo ele, naquele contexto, não houve margem para escolha por parte do clube. “No Mundial, por conta da Fifa, o jogo foi para o Maracanã. Mas, hoje, se eu pudesse opinar, escolheria São Januário. A torcida faz um caldeirão, e vencer o Vasco em São Januário é muito difícil”, completou.

Veja também
Newcastle quer contratar Rayan e ‘topa’ deixar atacante no Vasco até junho de 2026
Maracanã, memória e simbolismo
Mesmo ao defender São Januário, Gilberto fez questão de reconhecer o valor histórico do Maracanã. Na final de 2000, o estádio recebeu cerca de 73 mil torcedores, com presença marcante das duas torcidas, algo que ficou gravado na memória dos atletas que participaram daquele jogo.
“A gente jogou para quase 80 mil pessoas, com duas torcidas no estádio. A torcida do Corinthians compareceu em peso, e a nossa também. Isso mostra a força do torcedor vascaíno. Jogar no Maracanã é algo mágico. Eu não tive a felicidade de atuar no novo Maracanã, mas era uma emoção muito grande”, disse. Ao final, Gilberto sintetizou o dilema vascaíno, sem desmerecer nenhum dos palcos: “Sempre vai ser o caldeirão vascaíno. Lá onde o Vasco se impõe mais. Mas o Maracanã carrega toda essa história”, concluiu.
Opinião da redação do Antenados no Futebol
A escolha do Maracanã reflete um equilíbrio entre razão e sentimento. Do ponto de vista estrutural e financeiro, o estádio oferece vantagens claras. Em contrapartida, São Januário segue sendo um trunfo esportivo, especialmente em jogos de mata-mata. A decisão do Vasco não é equivocada, mas evidencia como o clube ainda convive com o dilema entre tradição e modernidade em momentos decisivos.




