SAF do Botafogo em disputa
A disputa pelo controle da SAF do Botafogo voltou a esquentar. A Eagle Bidco apresentou um novo recurso à Justiça do Rio de Janeiro contra a decisão que manteve John Textor no comando do clube. O movimento ocorreu dez dias após o parecer que confirmou o americano à frente da operação alvinegra, contrariando o desejo da empresa de afastá-lo imediatamente.
Desde o início do processo, a Eagle questiona a forma como Textor conduz o Botafogo. Segundo o recurso, a decisão que garantiu sua permanência “não foi solicitada por nenhuma das partes”, o que, na visão da empresa, representa uma distorção do que estava sendo julgado. A intenção da Eagle sempre foi suspender os poderes do americano até nova deliberação judicial.
Além disso, o documento afirma que o empresário adota práticas “abusivas, ilícitas e temerárias” que colocam em risco a integridade financeira da SAF. A empresa alega que o modelo de gestão imposto por Textor cria um cenário de instabilidade e ameaça a sobrevivência do projeto, comprometendo a confiança de investidores e credores.
No recurso, a Eagle denuncia que o americano estaria utilizando os recursos do Botafogo para sustentar outros clubes de sua rede. Essa prática, chamada de “caixa único”, teria causado um prejuízo de R$ 174 milhões e gerado um endividamento superior a R$ 1,5 bilhão. A empresa afirma que Textor age de forma deliberada ao misturar finanças e comprometer o patrimônio do clube.
Portanto, a companhia acusa o empresário de manter uma “falsa narrativa de harmonia” entre as partes, quando, na realidade, o relacionamento é marcado por desconfiança e tentativas de concentração de poder. A Eagle também alerta que Textor pode estar preparando manobras jurídicas para retirar o grupo do controle da SAF e assumir o domínio total do Botafogo.
Empresa pede intervenção e critica conduta de Textor
Com base nessas acusações, a Eagle solicita que a Justiça intervenha de forma imediata. O grupo pede que Textor seja proibido de tomar qualquer decisão sem o aval do diretor independente até que o tribunal analise novamente o caso. “É irracional permitir que John Textor continue no comando diante de tantos indícios de má conduta”, afirma um dos trechos do documento.
Em outro ponto, o texto acusa o americano de “não atuar em favor dos interesses da companhia, mas sim em benefício de sua agenda pessoal”. Segundo a Eagle, o executivo tenta implementar uma “lúgubre artimanha societária, à moda ‘zé com zé, para ampliar seu domínio sobre a SAF”.
Americano nomeia novo diretor, mas crise continua
Apesar das críticas, Textor tenta sinalizar estabilidade. Nesta semana, ele anunciou o empresário Stephen Welch como novo diretor independente da Eagle, substituindo Christopher Mallon, que deixou o cargo no início do mês. O nome recebeu apoio da Ares, principal credora do americano, e buscou indicar uma tentativa de reorganizar a gestão.

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Contudo, a Eagle afirma que a mudança não altera o cenário. Para o grupo, as decisões seguem concentradas nas mãos de Textor, o que demonstra “a ausência de governança e o desprezo pelos princípios de transparência corporativa”. Assim, o embate deve continuar na Justiça e pode definir o futuro administrativo do Botafogo nas próximas semanas.




