Guerrero projeta Flamengo e Bayern no Mundial

Neste domingo (29), o mundo do futebol vai parar para acompanhar um dos duelos mais aguardados das oitavas de final do Mundial de Clubes: Flamengo e Bayern de Munique frente a frente no Hard Rock Stadium, em Miami (EUA). E quem conhece bem os dois lados desse duelo, Paolo Guerrero, já antevê um embate inesquecível.

O atacante peruano, que vestiu as camisas tanto do clube alemão quanto do carioca, acredita que o confronto promete fortes emoções. “Tanto Bayern quanto Flamengo hoje passam por um momento muito bom. Acho que vai ser um jogaço! Pela característica de jogo do Bayern, eles não estão acostumados a enfrentar times sul-americanos. Pode ser que eles sofram com essa malícia para jogar”, afirmou o camisa 9 ao site da Fifa.

Para Guerrero, o time brasileiro precisará se apoiar em inteligência tática e maturidade para ter chances diante da potência bávara. Ele não acredita em facilidades para nenhum dos lados e prevê um jogo marcado por intensidade e entrega máxima dos jogadores. “O Flamengo tem que fazer um jogo de muita sabedoria, aproveitar os jogadores que eles têm, porque o Bayern vai fazer seu jogo, muito regular, um time muito qualificado. Um time alemão nunca pode se dar por vencido. Acho que os dois vão sofrer muito. Vai ser um jogo duro. Um dos dois para ganhar terá que sair morto de campo. E que vença o melhor!”

Além de conhecer o estilo do Bayern, Guerrero também tem uma relação especial com o atual técnico da equipe alemã, Vincent Kompany. Os dois jogaram juntos no Hamburgo entre 2006 e 2008, e o peruano guarda memórias vívidas da postura de liderança do ex-zagueiro, mesmo quando ainda era muito jovem.

Laços além das quatro linhas

“Eu tenho uma amizade muito grande com o Vincent, o considero meu irmão. Eu estava há um mês no Hamburgo, ele chegou logo depois. Ele saiu do Anderlecht como a maior promessa do futebol belga, já era um grande profissional e um líder. Antes de entrar em campo, sempre tentava incentivar os companheiros. Já dava para ver a personalidade dele”, relembra Guerrero, com carinho e admiração.

Segundo o atacante, Kompany nunca foi de repreender colegas de forma agressiva, mas sim de motivar constantemente. Sua presença era sempre percebida nos momentos decisivos. “Ele não era de dar bronca em algum jogador, era de motivar, o tempo todo falar, estava presente a toda hora para ajudar algum companheiro que tenha perdido alguma bola ou alguma coisa. Dava para ver que era um menino muito dedicado, era determinado, com muita personalidade. Isso dava para copiar. Eu vinha da América do Sul, a gente é um pouco mais inseguro, e ele com pouca idade já se comportava como um adulto.”

Após pendurar as chuteiras em 2020, Kompany não demorou a assumir os bastidores do futebol, tornando-se treinador do Anderlecht. E Guerrero revelou que quase trabalhou novamente ao lado do amigo, em uma proposta que acabou não se concretizando.

“Ele me ligou para ir para lá jogar. Eu tinha contrato e era impossível sair, estava fazendo muitos gols. Foi o ano em que eu me machuquei. Antes de me machucar, ele me ligou e eu falei: ‘Pô irmão, eu tenho contrato ainda’. O Inter não me deixaria sair livre, seria muito difícil”, explicou o peruano.

Raízes profundas em dois gigantes do futebol

A história de Paolo Guerrero com o Bayern começou cedo, aos 19 anos, quando ingressou nas categorias de base do clube bávaro. Rápido e eficiente, logo brilhou na equipe B, com incríveis 49 gols em 63 partidas. Subiu ao time principal em 2004 e permaneceu até 2006, somando 13 gols em 45 jogos.

Em seguida, o atacante partiu para o Hamburgo, onde firmou laços com Kompany. Anos depois, em 2015, após conquistar a América com o Corinthians, Guerrero desembarcou na Gávea e rapidamente virou peça central no ataque rubro-negro. Com a camisa do Mengão, atuou em 113 partidas, balançou as redes 43 vezes e deu 13 assistências, encerrando sua passagem em 2018.

Agora, como espectador privilegiado, Paolo Guerrero acompanha de longe o choque entre dois de seus ex-clubes. E, com o olhar de quem já viveu os dois mundos, aposta em um confronto equilibrado, repleto de emoção, garra e história.