Debate sobre fair play financeiro ganha força
O tema do fair play financeiro tem sido cada vez mais discutido no futebol brasileiro, mas ainda gera muitas dúvidas sobre seu funcionamento e impactos. Em entrevista à “ESPN”, o presidente do Confiança, Pedro Dantas, voltou a levantar a questão ao citar o Flamengo como exemplo em sua defesa pela adoção da medida no país.
“O fair play financeiro, a gente vai precisar. Porque, se não, a distância dos times vai ficar muito grande. Vamos botar um time como o Flamengo, hoje, que tem uma folha de R$ 40 milhões ao mês. E tem time na Série A que tem uma folha de R$ 5 milhões ao mês. A diferença é muito grande”, disse.
Na prática, o mecanismo não atua sobre diferenças de orçamento entre clubes, mas busca garantir que as equipes não gastem além de suas receitas, evitando problemas financeiros graves que ainda são comuns no futebol brasileiro.
Comparação com a Inglaterra
Dantas também fez um paralelo com o futebol europeu. Segundo ele, a concentração de títulos no Brasil seria maior que na Premier League, algo que os números recentes não confirmam.
“Daqui a pouco, vai acabar a concorrência. Há quatro, cinco times que estão há uma década brigando por títulos. E os outros só estão jogando. Isso é ruim. Quando você vai para uma Inglaterra, o Leicester um dia desses foi campeão. O Arsenal briga pelo título, o Liverpool briga, o City briga, o Chelsea briga”, afirmou.
Nos últimos cinco anos, quatro clubes diferentes levantaram a taça do Campeonato Brasileiro: Flamengo, Atlético-MG, Palmeiras e Botafogo. No mesmo período, a liga inglesa registrou apenas dois campeões, Manchester City e Liverpool. O título do Leicester, citado por Dantas, ocorreu em 2016 e permanece como exceção histórica.
Cobrança por maior rigor da CBF
Apesar das inconsistências em suas comparações, o dirigente abordou outro ponto sensível: a falta de mecanismos que impeçam clubes inadimplentes de utilizarem jogadores cujas negociações ainda não foram quitadas.
“Então, a gente tem que estudar uma forma de ter um fair play financeiro, de ter uma igualdade entre os clubes. E também, como a gente discutiu muito lá na CBF, tem que se arrumar um jeito de um clube não poder ficar devendo a outro”, destacou.
O Flamengo, inclusive, enfrenta situação semelhante após negociar o volante Thiago Maia com o Internacional, sem ter recebido o valor acordado. Ainda assim, o jogador atua normalmente pela equipe gaúcha. Para Dantas, a solução seria clara.

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“Se não tiver condições de pagar, devolve o atleta, desfaz a negociação. Mas não pode utilizar um atleta que pertence ao Confiança, está jogando no Flamengo, e o Flamengo não pagou ao Confiança. Então, o Confiança perdeu aquele jogador e está indo para o Flamengo, que não pagou ao Confiança”, disse.
Na conclusão, o presidente reforçou que cabe à Confederação Brasileira de Futebol fiscalizar com mais rigor e aplicar sanções em casos de descumprimento. “Isso não existe. A CBF tem que arrumar um jeito para que os clubes honrem seus compromissos com os outro. Se não conseguirem honrar, que tenham algum tipo de punição”, finalizou.




