Ex-Cruzeiro critica SAF do Corinthians
O ex-presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, levantou críticas contundentes ao projeto “SAFiel”, que pretende transformar o Corinthians em uma Sociedade Anônima do Futebol com participação de torcedores como acionistas. O modelo, apresentado ao Conselho Deliberativo do clube na última quarta-feira (29), propõe uma nova forma de captação de recursos, mas, segundo o ex-dirigente, carrega riscos significativos para quem decidir investir.
Sérgio Santos Rodrigues, que comandou o Cruzeiro durante o processo de venda da SAF para Ronaldo Fenômeno em 2021, questionou a viabilidade do projeto corintiano. O ex-dirigente acredita que o formato pode criar uma falsa sensação de poder para os torcedores.
“Eu acho que é um pouco irreal iludir o torcedor de que você vai ter um pedaço do seu time. Eu não vislumbro como isso pode dar certo, porque é o que o mercado colocou. Ninguém gasta dinheiro para não ser majoritário, para não tomar decisão”, afirmou.
Riscos financeiros e patrimoniais
Para Sérgio, o grande problema do modelo está no comprometimento financeiro dos torcedores. Ele destacou que, ao adquirir ações, o investidor assume não apenas as vitórias, mas também os prejuízos do clube.
“Eu jamais recomendaria que alguém gastasse dinheiro, se tornasse sócio de uma empresa, se você não vai poder dar palpite nos rumos dela e ainda pode comprometer seu patrimônio. Se esse clube quebrado já tem R$ 2,5 bilhões, ele vai entrar com a cota a parte dele também?”, questionou.
O advogado reforçou que o torcedor comum pode não compreender a complexidade do investimento e os riscos envolvidos. Na avaliação dele, o projeto do Corinthians peca por não oferecer garantias reais de retorno, principalmente em um contexto de endividamento elevado.
Comparação do Corinthians com o caso do Atlético-MG
Sérgio Santos Rodrigues também comparou a proposta corintiana ao Fundo de Investimentos do Galo (FIGA), iniciativa semelhante criada pelo Atlético-MG para captar recursos com torcedores endinheirados. O resultado, segundo ele, serve de exemplo do quanto o modelo é frágil.
“O próprio Atlético Mineiro seguiu um caminho onde os donos assumiram uma boa parte do investimento e criaram um fundo para vender cotas de R$ 1 milhão. Eles não chegaram nem perto de bater a meta de vendas dessas cotas”, lembrou.
“Acredito que a lógica é essa: independentemente do valor, quem é muito rico não vai desperdiçar dinheiro, ninguém fica rico fazendo isso. E quem tem pouco dinheiro, para comprometer o patrimônio com algo assim, precisa entender a repercussão que essa decisão pode ter”, completou o ex-presidente da Raposa.
O FIGA tinha como meta arrecadar R$ 100 milhões, mas até janeiro havia conseguido pouco mais de R$ 6 milhões, menos de 10% do esperado. Diante do insucesso, o empresário Rubens Menin, acionista majoritário do Atlético, precisou garantir o aporte total até 2026, um desfecho que, para Sérgio, ilustra o risco de apostar na paixão como fonte principal de investimento em clubes de futebol.

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As observações de Sérgio Santos Rodrigues levantam um ponto importante: a paixão do torcedor não pode substituir a segurança financeira. O modelo da SAFiel parece inovador, mas sem garantias claras e transparência, corre o risco de transformar o entusiasmo em prejuízo. Antes de investir, o torcedor precisa entender que futebol também é negócio e que emoção não paga dívida.




