Ex-presidente do Corinthians tenta se explicar
O ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, se pronunciou após a divulgação de uma apuração interna que apontou gastos suspeitos no cartão corporativo do clube durante sua última gestão, entre 2018 e 2020. A Comissão de Justiça do Timão identificou cerca de R$ 190 mil em despesas duvidosas e convocou ex-diretores para prestar esclarecimentos sobre o uso do cartão.
Entre os 50 gastos revisados pela comissão, constam despesas em hospitais, clínicas, lojas de móveis e eletrônicos, além de gastos com táxi aéreo e centros automotivos. Procurado pela imprensa, Andrés enviou uma nota assinada por seu advogado, Fernando José da Costa, afirmando que já prestou todos os esclarecimentos necessários ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
Andrés diz que gastos foram “em benefício do clube”
Na nota enviada ao Gazeta Esportiva, o ex-presidente defende que todas as despesas foram feitas “em benefício institucional” do Corinthians. Segundo o comunicado, o cartão não possuía regras claras sobre limites ou destinação dos gastos. “O cartão sempre foi utilizado em benefício do clube, inclusive para aquisição de presentes e despesas de representação, sendo certo que todas as contas foram devidamente aprovadas pelos órgãos competentes”, afirmou a defesa.
O Ministério Público, no entanto, segue investigando o caso e solicitou ao clube documentos detalhados sobre as mais de 50 transações suspeitas feitas entre 2018 e 2020. O promotor Cassio Roberto Conserino estipulou prazo de dez dias para que a diretoria alvinegra encaminhe as respostas e explique os gastos apontados.
Depoimento e novas suspeitas dentro do Corinthians
Andrés Sanchez prestou depoimento ao MP-SP na última quinta-feira, por videoconferência, em uma reunião que durou cerca de 15 minutos. Entre as despesas questionadas estão R$ 5 mil em uma joalheria e quase R$ 7 mil em Fernando de Noronha, em 2020. O ex-presidente afirmou que se confundiu ao usar o cartão durante uma viagem, alegando estar embriagado, e justificou a compra do relógio como um presente institucional para um representante da CBF.
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) aberto pelo Ministério Público também inclui gestões posteriores, como as de Duilio Monteiro Alves e Augusto Melo, diante da suspeita de irregularidades semelhantes. O MP apura possíveis crimes como apropriação indébita, falsidade ideológica e associação criminosa.

SP – Sao Paulo – 06/01/2020 – Treino do Corinthians – Andres Sanchez durante treino do Corinthians no CT Joaquim Grava. Foto: Marcello Zambrana/AGIF
A crise administrativa aumentou após a revelação de que Andrés havia usado o cartão para despesas pessoais em Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte, em 2020. Após o episódio, ele devolveu o valor com juros e correção monetária, mas passou a responder a um processo disciplinar no clube. Parte da torcida pede sua expulsão dos conselhos deliberativos.

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Por fim, o Corinthians informou ter concluído a entrega dos documentos solicitados pelo MP e afirmou colaborar com as autoridades. A diretoria atual, contudo, teme vazamentos e tenta preservar a imagem institucional do clube em meio à turbulência, que reacende antigas feridas políticas dentro do Parque São Jorge.




