Tolerância com prazo definido
O grupo Ares Management concedeu um novo respiro à Eagle Football, empresa de John Textor, ao adiar por 12 meses a execução das garantias contratuais ligadas à dívida bilionária do empresário. A decisão evita, por enquanto, que a Ares tome o controle dos ativos da Eagle, entre eles clubes de futebol como Botafogo, Lyon e Molenbeek. O valor do empréstimo, feito em 2022, ultrapassa 450 milhões de dólares, e a Eagle ainda não conseguiu cumprir o pagamento integral.
Durante esse período de tolerância, que se estende até setembro de 2026, a Eagle poderá manter suas operações normalmente. O acordo, porém, impõe condições rígidas e acompanhamento constante por parte da Ares. O objetivo é garantir que Textor consiga reorganizar suas finanças sem comprometer o funcionamento dos clubes. Essa trégua temporária suspende cobranças imediatas, mas mantém a pressão para que os compromissos financeiros sejam cumpridos.
Dívidas de alto custo e risco controlado
O pacote de débitos da Eagle é composto por empréstimos considerados agressivos no mercado financeiro, com taxas de juros que variam entre 16% e 22% ao ano. Parte desses valores está garantida por ativos do grupo. O financiamento inicial foi utilizado para viabilizar a compra do Lyon, em 2022, operação que marcou a expansão do império esportivo de Textor.
Em julho, a Eagle vendeu sua participação no Crystal Palace por 190 milhões de libras, o equivalente a cerca de 1,4 bilhão de reais. Desse montante, uma fatia considerável foi repassada diretamente à Ares, como forma de amortizar parte da dívida. A negociação reduziu a pressão imediata, mas o saldo restante segue elevado e sujeito a juros pesados.
Apesar da decisão de adiar a execução das garantias, a Ares mantém vigilância total sobre as ações da Eagle. A prioridade do fundo é recuperar o investimento sem precisar administrar clubes de futebol, cenário que a empresa tenta evitar. Por isso, o grupo optou por conceder tempo extra em vez de tomar posse imediata dos ativos.
Futuro incerto e pressão crescente
Segundo o jornal Financial Times, a dívida da Eagle inclui cerca de 300 milhões de dólares em “pagamentos em espécie” com juros de 16% ao ano, outros 135 milhões a uma taxa de 18% e uma linha de crédito adicional de 27 milhões de dólares, que custa à empresa 22% anuais. O quadro revela o tamanho do desafio que Textor enfrentará para estabilizar sua holding esportiva.

Veja também
Botafogo estuda a chegada de um novo zagueiro em janeiro após as lesões de Bastos e Kaio Pantaleão
Com clubes de alto valor sob sua gestão e pressão crescente dos credores, Textor vive um dos períodos mais delicados desde que entrou no futebol. A Ares espera resultados concretos da reestruturação financeira nos próximos meses, e o prazo até setembro de 2026 será decisivo para definir o futuro da Eagle Football e, consequentemente, dos clubes envolvidos.




