Tropeço no Campeonato Mineiro
Na noite da última quarta-feira (12), o Cruzeiro teve a estreia do técnico Leonardo Jardim, mas o novo comandante não teve a sorte de estrear com vitória. A equipe celeste foi derrotada por 2 a 1 para o Democrata de Sete Lagoas, na Arena do Jacaré, em partida válida pelo Campeonato Mineiro. O único gol do Cruzeiro foi marcado pelo atacante Bolasie.
Bastidores da SAF revelados
Fora das quatro linhas, os bastidores do passado recente do clube foram revelados. Em uma entrevista ao canal do ex-jogador Romário no YouTube, Ronaldo Fenômeno compartilhou detalhes dos bastidores de sua passagem como dono da SAF do Cruzeiro, período em que esteve à frente do clube mineiro por cerca de dois anos e quatro meses. Durante a entrevista, ele falou sobre o desgaste enfrentado e os desafios que envolviam a gestão de um clube em situação financeira crítica.
“Tive uma experiência muito dura com o Cruzeiro, apesar de ter sido uma experiência curta e de maior sucesso administrativo na minha vida, eu tive um desgaste muito grande, ainda estou me recuperando, tem meses que eu vendi, mas estou me recuperando de todo desgaste e do risco que sofri, porque um clube do tamanho do Cruzeiro, completamente falido, na Segunda Divisão, meu CPF em jogo cobrindo uma dívida de R$ 1,2 bilhão. Então, foi um risco que corri muito alto”, explicou o ex-jogador.
Em relação aos ganhos financeiros, Ronaldo revelou que a operação de venda da SAF foi altamente lucrativa. Embora o valor exato da transação nunca tenha sido oficialmente confirmado, documentos obtidos pelo UOL apontaram que ele faturou R$ 482 milhões com a venda do Cruzeiro para o empresário Pedro Lourenço.
Mesmo sem confirmar esse valor, Ronaldo destacou a importância do acordo. “A operação de venda foi um sucesso, foi muito boa, foi uma porrada financeiramente, muito boa, mas eu acho que foi muito merecido porque realmente a gente salvou o Cruzeiro de desaparecer”, afirmou.
Cruzeiro x Real Valladolid
Ronaldo ainda comparou sua experiência à frente do Cruzeiro com a sua gestão no Real Valladolid, clube da Espanha. Ele destacou as diferenças entre as duas equipes, revelando o desafio extra que foi assumir o comando de um gigante do futebol brasileiro, como o Cruzeiro. “São dois clubes de proporções diferentes. O Valladolid é um clube mais discreto, de uma cidade de 400 mil habitantes, tem uma capacidade de investimento menor, um time que briga para não cair, se for muito bem pode pegar uma Copa Uefa.”
“O Cruzeiro já é um clube grande, o número de torcedores é maior, culturalmente carregava histórico associativo, tiveram sucesso esportivo, mas administrativamente sempre foi um caos”, explicou Ronaldo, contrastando os dois projetos e destacando o tamanho da responsabilidade de gerenciar um clube com a história e as dificuldades do Cruzeiro.
Antes de se tornar proprietário da SAF do Cruzeiro, Ronaldo já havia sido jogador do clube, onde atuou entre 1993 e 1994, fazendo 58 partidas e marcando 56 gols. Durante a entrevista, ele também revelou que sua volta ao Cruzeiro foi motivada por um sentimento de dívida moral com a equipe e com seus torcedores.
“Foi muito bacana, foi muito legal voltar ao Cruzeiro, porque tinha uma dívida moral com o clube, porque quando saí do Cruzeiro e fui ao PSV, eu achava que tinha algo de dívida moral com o clube, acho que quito essa dívida moral agora”, revelou Ronaldo, deixando claro o forte vínculo emocional com o clube que o viu brilhar nos campos de futebol.




