CBF expõe bastidores do VAR após reclamações do Bahia
A CBF divulgou nesta quinta-feira (6) os áudios completos das análises do VAR na vitória do Atlético-MG por 3 a 0 sobre o Bahia, em Belo Horizonte. As conversas entre o árbitro Davi de Oliveira Lacerda e o árbitro de vídeo Rafael Traci revelaram como foram tomadas as decisões em dois lances que causaram forte revolta em Rogério Ceni e na comissão tricolor. O técnico baiano havia se mostrado inconformado após o apito final, cobrando explicações da arbitragem e classificando a atuação como “injusta”.
“Como é que ele (Traci) vai explicar que não chamou o árbitro sequer pro vídeo para ver o lance que o Alonso pisa. É um lance de expulsão clara”, questionou Ceni, se referindo ao lance entre Junior Alonso e Michel Araujo, ainda no primeiro tempo. Segundo o técnico, a ausência de revisão foi o estopim da irritação do elenco.
Choque entre Alonso e Michel
Os áudios revelados pela CBF mostraram a justificativa do árbitro Davi de Oliveira logo após o choque entre Alonso e Michel. “Ele escorrega em cima da bola aqui. Ô Traci, ele pisa em cima da bola e depois tem um pé sobre pé, pé com pé aqui, depois seguiu na vantagem. Michel, foi falta, mas eu dei a sequência para sua equipe. Foi o que eu vi, ele pisa em cima da bola e escorrega na bola, ele não bate lá”, afirmou o árbitro, reforçando sua interpretação de que não houve intenção violenta.
Na cabine, o árbitro de vídeo concordou com a análise. “Ele toca o pé, mas o pé não está fixo. Ele está no alto e vai deslizando, com intensidade baixa. Para mim não é protocolar. Tem um pé que está no tornozelo do jogador, mas não está fixo no chão, ele vai deslizando. Está em disputa de bola, não é depois do toque”, respondeu Rafael Traci, confirmando que não havia motivo para expulsão direta.
Expulsão de Kanu tem interpretação oposta
No segundo tempo, o VAR novamente foi protagonista, desta vez ao recomendar a expulsão de Kanu, zagueiro do Bahia. A jogada envolveu Bernard, do Atlético, que recebeu em profundidade e foi derrubado antes de entrar na área. O árbitro de campo mostrou inicialmente o amarelo, mas foi chamado por Traci para revisar a jogada. Ceni, revoltado, relatou o que viu. “Sabe o que o árbitro fez no lance do Kanu? Amarelo. O bandeira está à frente dele. Seguiu o amarelo, todo mundo achou que era para amarelo. Mas o senhor Rafael Trace teve a coragem, porque ele é muito corajoso aqui no campo do Atlético”, disse.

MG – BELO HORIZONTE – 05/11/2025 – BRASILEIRO A 2025, ATLETICO-MG X BAHIA – Rogerio Ceni tecnico do Bahia durante partida contra o Atletico-MG no estadio Arena MRV pelo campeonato Brasileiro A 2025. Foto: Fernando Moreno/AGIF
Logo após a marcação, Davi de Oliveira se dirigiu à cabine: “Ele não tem o domínio da bola ainda, para mim desconfigura o caso de domínio, está muito afastado, está dividida entre ele e o goleiro”. A resposta do VAR foi imediata: “Ele (Bernard) vai vir sozinho, ele tem totais possibilidades de domínio dessa bola, não tem mais defensores, tem direção. Grande possibilidade de DOGSO, ele deu cartão amarelo, mas vou chamar, ok? Você (Davi) fala que ele não tem domínio, mas ele tem totais condições de domínio da bola, ele vai sair sozinho com o goleiro”.
Árbitro mudou de opinião

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Após rever o lance, o árbitro mudou de opinião. “A bola é muito mais para o atacante, ele (Kanu) abdica de jogar para puxar. Vou tirar o cartão amarelo e sancioná-lo com o vermelho, com a possibilidade real de gol”, afirmou Davi de Oliveira, confirmando a decisão da cabine. O termo “DOGSO”, usado no diálogo, significa “Deny an Obvious Goal-Scoring Opportunity” — ou “impedir uma clara oportunidade de gol”.




