Fora do Botafogo, Artur Jorge ver ‘o jogo virando’
Na tarde deste sábado, um velho ditado popular ganhou vida nos gramados do Catar: quem vive de milagres, um dia pode sucumbir à lógica. Artur Jorge, ex-treinador do Botafogo e atual técnico do Al-Rayyan, viu sua equipe ser derrotada na final da Copa do Emir por 2 a 1 para o Al-Gharafa, mesmo tendo a vantagem numérica em campo durante boa parte do segundo tempo.
A ironia que cercou o revés foi cruel. Isso porque, aos 19 minutos da etapa final, o Al-Gharafa ficou com um jogador a menos após a expulsão de Seydou Sano. Naquele momento, o Al-Rayyan já perdia por 2 a 1, e mesmo com a superioridade numérica, não conseguiu reverter o placar. A expectativa de uma virada virou frustração para o treinador português.
Os gols que selaram a conquista do Al-Gharafa foram marcados por Sassi e Joselu, enquanto Róger Guedes, em cobrança de pênalti, descontou para o time de Artur Jorge. A derrota veio como um golpe duplo: além de perder o título, o técnico ainda viu sua equipe desperdiçar uma oportunidade teoricamente mais fácil, algo que contrasta com um feito heroico do passado.
Do “milagre” à decepção
No ano anterior, Artur Jorge protagonizou uma das histórias mais lembradas da história recente do futebol sul-americano. Ele comandava o Glorioso na final da Copa Libertadores, e o clube carioca teve um jogador expulso logo no primeiro minuto: o volante Gregore recebeu o cartão vermelho antes mesmo de suar a camisa.
Mesmo com um a menos, o Botafogo escreveu um capítulo inesquecível. Com gols de Luiz Henrique, Alex Telles e Júnior Santos, o clube derrotou o gigante argentino River Plate por 3 a 1 e conquistou sua primeira Libertadores. Naquela noite, Artur Jorge foi exaltado como estrategista e herói. Era o treinador que fazia o impossível parecer simples.
Hoje, porém, o roteiro se inverteu. A vantagem em campo que um dia pareceu irrelevante para ele quando estava do lado mais frágil, agora serviu como um lembrete de que o futebol não perdoa a soberba ou a falta de eficiência. O que parecia um título encaminhado, transformou-se em decepção amarga.
Artur Jorge: de herói a alvo de críticas
A torcida do Al-Rayyan, que via em Artur Jorge uma esperança de glórias internacionais, agora questiona a capacidade do comandante em momentos decisivos. A derrota mancha um trabalho que vinha em ascensão, e reascende dúvidas sobre sua condução em partidas sob pressão.

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O treinador, que um dia calou críticos com uma campanha épica na América do Sul, agora terá que lidar com a pressão no mundo árabe. O feitiço, afinal, virou contra o feiticeiro — e o futebol, implacável como é, escreveu mais um de seus enredos inesperados.




