Torcida, alcance global e marketing como diferenciais
O acordo firmado entre o Flamengo e a Betano, avaliado em quase R$ 270 milhões por ano, foi detalhado pelo diretor comercial da empresa, Guilherme Figueiredo. Ele destacou que a dimensão da Nação Rubro-Negra e sua presença dentro e fora do Brasil foram centrais na negociação.
“São alguns pontos. Claro que o tamanho da influência da torcida. Mais do que o tamanho, a própria distribuição dela pelo país é muito relevante. Sem contar que o Flamengo tem um reconhecimento que não fica só no Brasil, ele é mundial. Fechamos o negócio pensando em toda a América Latina, na Europa e outros lugares. Além disso, o Flamengo disputa todas as competições que entram e tem uma organização no marketing que nenhuma outra equipe no Brasil tem”, afirmou o executivo.
Ele acrescentou ainda a importância de incluir diferentes plataformas no acordo. “Por fim, o Flamengo fez um processo muito bem feito e que ainda incluiu várias outras modalidades, várias outras propriedades. Nós vamos atingir diretamente a Flamengo TV, que já tem exatamente um público bem nichado”, completou.
Concorrência acirrada e cláusulas de proteção
Figueiredo revelou que a proposta levou a momentos de ansiedade, já que o processo envolveu forte concorrência com empresas como Sportingbet e Superbet. Segundo ele, essa disputa foi responsável por elevar o valor final do contrato. Após a confirmação do acordo, longas reuniões jurídicas com o Flamengo serviram para definir os detalhes da parceria.
A preocupação com a legislação também fez parte das tratativas. O setor de apostas no Brasil passa por discussões sobre regulamentações e aumento de impostos, o que levou a empresa a incluir gatilhos de segurança no contrato. “Os dois departamentos jurídicos permaneceram em longas reuniões sobre isso. Há regras específicas que a partir de alguns gatilhos a pessoas podem abrir a possibilidade de uma renegociação e eventualmente rescisão. Mas aí são efeitos regulatórios muito extremos. Imaginando que o imposto vai para 50%, por exemplo, temos que readequar”, explicou.
Ele também alertou sobre os riscos de uma tributação exagerada: “Nossa maior preocupação é que a tributação não passe a ponto de fazer o governo perder dinheiro e passar da curva do ótimo. E isso também pode incentivar o mercado ilegal”, lembrou.
Impacto imediato e visão de futuro
Ao avaliar o cenário atual, Figueiredo destacou a solidez do mercado. “Até a tempestade nisso, a gente poderia aproveitar a perfeita. Hoje, a estabilidade do setor é muito maior do que há oito meses. Por isso tem mais empresas interessadas, mas é importante que os dois lados estejam protegidos para eventuais mudanças”, completou.
Ele também mencionou que o contrato com o Flamengo já trouxe efeitos perceptíveis para a Betano. Segundo o diretor, o volume de apostas durante os jogos representa a maior parte do movimento e eventuais rejeições à marca por parte de quem não torce para o clube são insignificantes para o projeto.
Sobre eventuais conflitos de interesse, Figueiredo foi direto: “Não temos nenhum tipo de controle das competições. No ano passado, o Atlético-MG foi nosso patrocinado e perdeu a competição para o Flamengo, em casa. A imprevisibilidade do futebol nunca pode ser perdida”, explicou.
Por fim, o dirigente reforçou a postura da empresa em suas campanhas e como pretende usar o Flamengo como vitrine. Ele destacou que o foco está no entretenimento e não em incentivar apostas como forma de renda. O diretor ainda explicou que tem feito movimentos cada vez mais claros em suas campanhas que apostar é diversão, e não forma de ganhar mais dinheiro, e que vai usar o Flamengo para fortalecer no mercado que sua empresa é de entretenimento, e não uma forma de investir.
