Internacional apresenta cenário financeiro preocupante

O Internacional abriu as portas do Beira-Rio nesta terça-feira (9) para detalhar sua atual situação financeira, que exige atenção constante da diretoria. Com uma dívida estimada em aproximadamente R$ 850 milhões, o clube busca equilíbrio entre manter a competitividade esportiva e garantir sua saúde econômica a longo prazo.

Durante o evento, executivos de diversas áreas apresentaram um panorama das finanças e traçaram metas para o restante do ano. Apesar de reconhecerem o momento desafiador, os dirigentes destacaram o aumento de receitas em alguns setores, como a assinatura do maior contrato de patrocínio máster da história do clube.

“Não precisamos zerar a dívida. Temos que ter uma dívida de acordo ou em uma condição de receita que permita ser saudável economicamente, no médio e longo prazo”, afirmou o CEO do Inter, Giovane Zanardo.

“Temos dois vieses aqui. O primeiro é melhorar nossas alternativas de receita. Mantenha a dívida no mesmo patamar e eleva a receita, diminui a relação dívida-receita. E melhora a condição de fluxo de caixa, o enfrentamento da própria dívida. O segundo é buscar alternativas estruturantes, formas de enfrentar isso. Dei um exemplo de uma operação de debêntures que levamos a apreciação das instâncias do clube e que, neste momento, o clube entendeu que não era o momento”, acrescentou, citando o projeto rejeitado em dezembro passado no Conselho Deliberativo.

Crescimento da receita

O presidente Alessandro Barcellos participou pontualmente do encontro e comentou sobre o crescimento nas receitas, mas reconheceu a necessidade de encontrar novas fontes de investimento. Entre as possibilidades, ele mencionou o estudo de modelos de gestão alternativos, incluindo, mas não se limitando à transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

Segundo Barcellos, o debate sobre uma mudança no modelo administrativo será iniciado e encerrado ainda em 2025. A ideia é explorar opções que tragam um “novo recurso relevante” ao clube, sem necessariamente concluir uma negociação imediata.

“Existe a discussão de um novo modelo de investimento, que passa pelo aspecto político do clube, pela gestão, que tem as suas responsabilidades de propor, que passa pelo Conselho Deliberativo”, disse Barcellos.

“Esse é o desafio agora, instituirmos esse debate, como já estamos construindo com a presidência do Conselho, para fazer um debate sobre o modelo de investimento futuro do Internacional”, concluiu.

Liga nacional?

Outro ponto abordado foi a busca por soluções coletivas entre os principais clubes do país. O CEO do Inter defendeu a criação de uma liga nacional, iniciativa que poderia melhorar a geração e a distribuição de receitas no futebol brasileiro, beneficiando todas as equipes envolvidas.

Não estou aqui eximindo a responsabilidade (sobre a dívida), mas afirmo que o Internacional, operacionalmente, é superavitário. Se tirar o valor do que significa o serviço da dívida, e tirar a venda de atletas, que também não é uma receita operacional recorrente, o Internacional é superavitário. O que precisamos é resolver esse peso nas costas que, infelizmente, nós fazemos parte disso. Não conseguimos enfrentar de uma forma mais forte para que ela se resolva”, destacou Barcellos.

Com o cenário atual, a diretoria entende que precisa inovar para enfrentar os desafios financeiros. A recusa da proposta de SAF em um momento anterior não encerra o debate, mas exige criatividade e estratégia para manter o clube competitivo sem comprometer seu futuro.