Fortaleza venda majoritária da SAF
Quase dois anos após se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol, o Fortaleza segue dono de 100% de suas ações. A decisão de não abrir mão do controle da SAF foi uma escolha estratégica do clube, que, segundo o CEO Marcelo Paz, poderia já ter selado um acordo com investidores se tivesse adotado um modelo diferente.
De acordo com o dirigente, o trabalho consolidado ao longo dos últimos anos colocou o Fortaleza em uma posição de credibilidade no mercado, o que atraiu olhares de grandes grupos interessados. “Se o Fortaleza tivesse se colocado como SAF para venda majoritária, e que viesse alguém para ter o controle do clube, certamente já teria feito a venda e escolhendo quem era o parceiro. ‘Não, não quero esse…quero esse’. O Fortaleza é um clube que tem credibilidade e margem para crescer”, afirmou Paz em entrevista ao ge.globo.
Caminho mais difícil, porém mais sólido
Apesar de reconhecer que a decisão por uma venda minoritária dificulta a chegada de investidores, o CEO acredita que essa escolha preserva a essência do clube e garante um projeto de longo prazo mais sustentável. “Porém, quando a gente coloca a venda minoritária, de fato restringe, porque geralmente quem bota o dinheiro quer mandar. Então esse é o desafio de convencer. Coloque seu recurso aqui, venha gerir junto com a gente, ocupe cadeiras estratégicas na nossa gestão e passe a ser remunerado pelo sucesso esportivo do clube. Esse é o desafio de convencimento”, explicou.
A proposta do Fortaleza é clara: atrair investidores que queiram caminhar ao lado do clube, e não acima dele. Isso inclui assumir cargos estratégicos e participar da construção de um modelo esportivo vencedor, com recompensas proporcionais ao desempenho.
Modelo europeu inspira o Leão
Marcelo Paz destacou que o clube se espelha em experiências bem-sucedidas da Europa, mais especificamente da Alemanha. Segundo ele, o Bayern de Munique representa o tipo de modelo que o Fortaleza almeja implantar. “Na Alemanha funciona assim. Mas por força de legislação. Um clube não pode ter parceiros que sejam majoritários, é até 49%. O Bayern funciona e é o grande exemplo. 25% das ações estão vendidas para três grandes parceiros, que também são patrocinadores, e o clube é um sucesso. E é inspiração pra gente”, contou.

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Com essa estratégia, o Leão do Pici quer se tornar um caso pioneiro no cenário nacional, mesmo que o caminho seja mais lento e exigente. O clube aposta na integridade institucional como trunfo e acredita que investidores certos, com visão alinhada, irão aparecer no momento oportuno.
O Leão do Pici mantém viva a crença de que é possível crescer sem abrir mão da sua identidade. Para Paz, essa jornada é mais do que uma decisão empresarial: é um projeto de legado.