A reconstrução necessária no São Paulo

Jogador, treinador, ídolo e hoje coordenador técnico do São Paulo, Muricy Ramalho vive novamente o desafio de conduzir o Tricolor a um patamar competitivo. Em meio a uma crise financeira que expõe uma dívida de R$ 912 milhões, o clube tenta reencontrar o caminho das grandes disputas nacionais e internacionais. Muricy defende que a reconstrução passa por planejamento realista e disciplina para voltar a disputar títulos.

Diante do cenário instável, ele reforça que a classificação à Libertadores, ainda possível via Pré-Libertadores, é um passo crucial dentro do processo. O coordenador lembra a importância esportiva e institucional da vaga e usa palavras firmes ao descrever a urgência da situação. “(A vaga na Pré-Libertadores) é importantíssima. Na Pré-Libertadores, tudo é mais para nós, tudo é melhor. O ideal seria como fizemos no ano passado, quando fomos direto (à fase de grupos), mas esse ano não deu. Para nós, é fundamental. Os jogadores sabem disso, existe essa cobrança aqui em cima de todos nós. Essa Libertadores é fundamental no nosso processo e no nosso planejamento”, explicou em entrevista exclusiva à TV Gazeta.

Mudanças no mercado e prioridades de 2026

Sem margem para grandes investimentos, o São Paulo deve repetir em 2026 a estratégia recente de buscar jogadores livres no mercado ou por empréstimo. A diretoria também definiu duas frentes essenciais: reforços mais jovens e maior utilização da base de Cotia. A incerteza sobre a vaga na Libertadores impede decisões mais profundas, mas internamente o clube trabalha para não repetir erros de 2025.

Muricy, inserido em todas as etapas do planejamento, faz questão de reforçar que o próximo ano exigirá ainda mais lucidez. Ele alerta para a competitividade elevada do Brasileirão e reforça. “Já falei algumas vezes: o ano que vem será muito mais difícil do que esse ano. Muito mais difícil. Por isso que as pessoas têm que analisar. O Brasileiro, por exemplo, vai começar antes. Quem subiu? As pessoas não veem detalhes. Eu sou viciado em futebol, conheço o Brasileirão de perto. Você tem que analisar quem subiu. De cara, subiu o Athletico-PR, que tem dinheiro e vai investir muito. O Coritiba, que é SAF, vai investir também. O Remo, com uma torcida gigante, vai vir forte. Então, você vê que são equipes que você tem que estar ligado, cara. O ano que vem vai ser muito mais difícil para todos nós. Teremos que ser muito bons aqui no São Paulo para investimentos, contratações, que precisamos, para enfrentar esse ano que vem”, projetou.

Pressão, responsabilidade e projeções para o São Paulo

Apesar das limitações, o São Paulo articula um novo fundo de investimentos em parceria com a Galápagos para potencializar contratações estratégicas. A ideia é ampliar o poder de compra sem comprometer o FIDC, mecanismo que ainda limita manobras financeiras mais ousadas. Em paralelo, Muricy lembra que a pressão externa é parte do processo e que sua postura firme representa o torcedor.

SP – SANTOS – 03/12/2025 – BRASILEIRO A 2025, SAO PAULO X INTERNACIONAL – Torcida do Sao Paulo durante partida contra Internacional no estadio Vila Belmiro pelo campeonato Brasileiro A 2025. Foto: Jota Erre/AGIF

“Não adianta falar do São Paulo marca. Eu também amo meu clube, mas temos que investir legal para dar resposta. Eu não sou de sair muito na rua, mas quando eu saio, as pessoas falam: ‘Poxa, Muricy, ajuda aí, dá um jeito’. Eu ajudo para caramba, mas vocês podem ter certeza que sou o representante de vocês. Às vezes passo um pouco, sou chato, mas se eu não for assim, quem vai ser? Tem que cobrar também. Estamos aí brigando e temos que ter um time forte para o ano que vem”, completou.

O São Paulo encerrou a temporada com uma lista extensa de reforços, mas já projeta 2026 com cautela para não ultrapassar o orçamento. Muricy reforça que o clube precisa agir com precisão, responsabilidade e urgência para formar um elenco capaz de encarar um ano que promete ser ainda mais exigente do que o atual. Entre desafios financeiros, expectativas da torcida e competitividade crescente, o coordenador reafirma a necessidade de contratações específicas para recolocar o Tricolor entre os protagonistas do país.