Força no ataque e segurança no meio

O Grêmio entrou em campo pressionado pelos maus resultados recentes e pela necessidade de somar pontos fora de casa para se afastar da zona de rebaixamento. Diante do líder Flamengo, Mano Menezes surpreendeu ao adotar mudanças significativas na escalação e no esquema de jogo, priorizando a força física no ataque e a solidez defensiva no meio-campo. O empate em 1 a 1, com direito a gol de pênalti convertido pelo goleiro Tiago Volpi, refletiu a resiliência do time gaúcho.

Sem poder contar com Alysson, lesionado, Mano optou por uma formação inédita com Braithwaite e Carlos Vinícius juntos no comando ofensivo. A ideia foi explorar a imposição física e a presença de área, tentando travar a saída curta do Flamengo e gerar perigo em bolas longas.

No meio, o retorno de Dodi trouxe fôlego e reforço na marcação, compondo ao lado de Cuéllar e Edenilson um trio que priorizou o combate e a disciplina tática, dificultando as conexões entre Arrascaeta e Pedro, principais armas rubro-negras.

Defesa ajustada e papel de Volpi no Grêmio

Na defesa, Mano escalou Erick Noriega ao lado de Kannemann, enquanto Marlon assumiu a lateral esquerda. A estratégia de compactação funcionou em boa parte do jogo, mesmo com o Flamengo controlando a posse de bola (66% contra 34% do Grêmio). Quando a marcação falhava, Tiago Volpi aparecia como protagonista. O goleiro gremista realizou grandes defesas, especialmente em chutes de Pedro e Léo Pereira, e ainda foi decisivo ao converter o pênalti que garantiu o empate nos minutos finais.

Estratégia para neutralizar o Flamengo

O plano de Mano Menezes teve como foco principal “nerfar” as associações por dentro do Flamengo. A equipe rubro-negra, acostumada a criar através da movimentação de Arrascaeta e De La Cruz na entrelinha, encontrou dificuldades para infiltrar. O Grêmio compactou suas linhas e obrigou o adversário a buscar alternativas pelos lados, especialmente nas investidas de Varela pela direita. Apesar do gol sofrido em tabela entre Pedro e Arrascaeta, o sistema defensivo gaúcho conseguiu segurar a pressão e reagiu no momento certo.

Na segunda etapa, mesmo com as trocas feitas por Mano — incluindo as entradas de Pavón, Aravena e André Henrique —, o Grêmio manteve sua proposta de jogo reativa. O time explorou contra-ataques e buscou a bola aérea, mas teve dificuldade para transformar essas jogadas em finalizações claras. Ainda assim, a persistência foi premiada quando um toque de mão de Ayrton Lucas resultou em pênalti, convertido com categoria por Volpi.

O empate foi importante não apenas pelo ponto conquistado, mas também pela confiança recuperada diante de um dos adversários mais fortes do torneio. A estratégia de Mano mostrou organização e disciplina, apesar das limitações ofensivas. O Grêmio ainda precisa de mais consistência para escapar do Z-4, mas demonstrou que pode competir mesmo em cenários adversos.

Em resumo, Mano Menezes montou um Grêmio pragmático, resiliente e capaz de resistir ao domínio do Flamengo dentro do Maracanã. A escolha por força física no ataque, reforço na marcação no meio e compactação defensiva trouxe resultado. O time gaúcho saiu de campo com a sensação de dever cumprido: somou um ponto valioso e mostrou sinais de evolução tática na luta contra o rebaixamento.