Um novo nome entre as grandes nações do futebol
Pela primeira vez, Cabo Verde vai disputar uma Copa do Mundo da FIFA. O país africano, formado por dez ilhas no Atlântico, vive um momento histórico após conquistar a vaga para o torneio de 2026. A classificação veio com uma campanha sólida e a vitória decisiva sobre Essuatíni, resultado que coroou anos de investimento e de uma geração que une talento local e herança da diáspora. O lema “Dez ilhas. Uma nação. Um sonho.” resume bem o espírito que levou os Tubarões Azuis a um feito que ultrapassa o esporte.
Um arquipélago com alma lusófona
Colonizado pelos portugueses no século XV, Cabo Verde tem o português como língua oficial e o crioulo como símbolo cultural. Com sua classificação, a Copa pode voltar a reunir três nações lusófonas: Brasil, Portugal e Cabo Verde, algo que não acontecia desde 2006.
Um pequeno país, um feito gigante
Com pouco mais de 500 mil habitantes, Cabo Verde será o segundo país menos populoso da história dos Mundiais, atrás apenas da Islândia (2018). Em área, é a menor nação a disputar uma Copa, superando Trinidad e Tobago. Em meio a gigantes africanos, o feito ganha ainda mais dimensão.
A força da diáspora
Mais cabo-verdianos vivem fora do país do que dentro dele, e isso se reflete na seleção. Metade dos titulares que garantiram a vaga nasceu no exterior. Roberto “Pico” Lopes é irlandês; Steven Moreira e Willy Semedo são franceses; Jamiro Monteiro e Dailon Livramento nasceram na Holanda. O técnico Bubista convocou atletas de Portugal, França, Suécia e Noruega, formando um elenco verdadeiramente global.
Um trabalho que atravessa fronteiras
A Federação Cabo-verdiana de Futebol fez um mapeamento intenso da diáspora. O caso mais emblemático é o de Roberto Lopes, descoberto no LinkedIn pelo ex-técnico Rui Águas. Filho de pai cabo-verdiano e mãe irlandesa, ele ignorou a primeira mensagem por não falar português, e acabou se tornando símbolo da seleção. Bubista manteve a busca por talentos espalhados pelo mundo e colheu o resultado nas Eliminatórias.
Sucesso na África antes do mundo

Jogador da seleção egípcia desafia jogador da seleção cabo-verdiana em ação durante a partida das eliminatórias da Copa do Mundo de 2025 entre Egito e Cabo Verde, no Estádio Internacional do Cairo, em 6 de setembro de 2024, no Cairo, Egito. (Foto de Ahmad Hasaballah/Getty Images)
Cabo Verde já havia mostrado força na Copa Africana de Nações de 2024, chegando às quartas de final sem perder no tempo normal. Foram vitórias sobre Gana, Moçambique e Mauritânia, além de empates com Egito e África do Sul. A campanha consolidou o país entre as seleções mais competitivas do continente.
Orgulho nacional dentro e fora de campo

Jogador da seleção egípcia desafia jogador da seleção cabo-verdiana em ação durante a partida das eliminatórias da Copa do Mundo de 2025 entre Egito e Cabo Verde, no Estádio Internacional do Cairo, em 6 de setembro de 2024, no Cairo, Egito. (Foto de Ahmad Hasaballah/Getty Images)
Cabo Verde é também exemplo de estabilidade política e avanço social. Com expectativa de vida de 73 anos e um dos melhores IDHs da África, o país tem taxa de alfabetização próxima a 90% e ensino básico universalizado. A ascensão no futebol reflete o mesmo espírito de resiliência que move o arquipélago em outras áreas.
Opinião da Redação do Antenados no Futebol
A estreia de Cabo Verde na Copa do Mundo simboliza o poder da globalização do futebol africano. Desbancar Camarões, oito vezes mundialista, só foi possível graças à combinação entre a ampliação de vagas da FIFA e a inteligência da Federação em aproveitar a força da diáspora.
Cabo Verde chega como surpresa para a Copa do Mundo de 2026, mas com a motivação e o planejamento que garantiram a classificação, a seleção pode superar os desafios diante de equipes tradicionais e mostrar sua força no Mundial.

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Mas fica a pergunta: será que os Tubarões Azuis podem repetir a mística de Islândia e Senegal e se tornar a grande “zebra” do Mundial de 2026?




