Corinthians ganha margem maior e prevê 60 mil itens por temporada
Assinado em agosto e com validade até 2035, o novo contrato entre Corinthians e Nike prevê a entrega anual de até 60 mil itens de material esportivo, número que representa uma reformulação completa do fornecimento ao clube. O valor estimado dessa remessa é de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, quantia muito superior ao limite atual de R$ 4 milhões.
A mudança ocorre após o clube estourar a cota nos últimos dois anos, acumulando 41.963 itens até outubro de 2025 e mais de 33 mil em 2024, números que elevaram o gasto para R$ 23,7 milhões.
Com a nova margem, a diretoria espera suprir todas as demandas internas, desde futebol masculino e feminino até categorias de base, esportes terrestres, aquáticos e solicitações institucionais da diretoria. Segundo o clube, o acordo permitirá atender delegações completas em treinos, viagens e competições, reduzindo improvisos e gargalos operacionais.
Contrato pode alcançar R$ 1,3 bilhão e amplia responsabilidade interna
Além da entrega de materiais, a Nike pagará ao Corinthians R$ 59 milhões fixos por temporada, corrigidos anualmente pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC). O contrato pode chegar a R$ 1,3 bilhão, dependendo de metas esportivas e comerciais. A mudança no fluxo de materiais, no entanto, ocorre em meio a uma auditoria interna que identificou sete inconformidades graves no controle dos uniformes.
De acordo com relatório assinado por Marcelo Munhoes, diretor de tecnologia do clube, houve acúmulo de coleções anteriores sem destino, ausência de inventário físico há mais de quatro anos, notas fiscais não lançadas, distribuição desigual, além de retiradas sem autorização ou por solicitantes incorretos, o que fragiliza a rastreabilidade. A auditoria ainda aponta que Armando Mendonça, vice-presidente responsável pelo almoxarifado, teria retirado itens diretamente, “sem registro formal ou autorização prévia”.
Auditoria relata ameaças, sucateamento e suspeitas de desvio de camisas
O documento também cita que Mendonça demonstrou “tom de preocupação em relação ao andamento dos trabalhos de auditoria” e utilizou “expressões de natureza agressiva” em conversas com Munhoes. Além da má gestão, foram apontados problemas como almoxarifado sucateado, materiais precários destinados às categorias de base, notas fiscais não lançadas em 2024 e 2025 e indícios de desvio de camisas para o comércio clandestino.
Com o novo contrato e o aumento expressivo no volume de materiais, a diretoria entende que o desafio passa a ser não apenas operacional, mas também de governança. O Corinthians espera que o fornecimento ampliado reduza desgastes internos e melhore o atendimento às modalidades, mas a auditoria indica que sem ajustes estruturais, o risco de perda de controle pode se intensificar em 2026.
