Presidente do Corinthians pede expulsão de ex-diretor

O presidente do Corinthians, Augusto Melo, acionou formalmente a Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo com um pedido contundente: a expulsão de Rozallah Santoro do quadro de associados do clube. O ex-diretor financeiro, que deixou o cargo em junho de 2024, é acusado de uma série de falhas administrativas e de ter sido peça-chave no caso que resultou na saída do meia Matías Rojas e em uma condenação milionária ao clube.

Entre os pontos mais sensíveis do documento enviado à Comissão está o voto de Rozallah a favor da reprovação das contas do exercício de 2024, do qual ele próprio fez parte. A atitude é considerada por Augusto uma infração estatutária grave. “Sendo o denunciado integrante de uma das doze diretorias empossadas no período, se mostra claro que ele descumpriu o artigo 6º, XI do Regimento Interno Administrativo, sendo tal ato condenável nos termos do artigo 2, D do Estatuto Social do clube”, diz um trecho do ofício.

O presidente promete ainda apresentar provas que demonstrariam falhas na gestão de caixa, ausência de planejamento e condutas que teriam impactado negativamente as finanças corintianas. O ponto central das acusações é a condução do caso Matías Rojas, jogador contratado no início de 2024 e que rescindiu seu contrato menos de um ano depois, acionando o clube na FIFA.

O caso Rojas como ponto-chave

Rojas rompeu com o Corinthians de forma unilateral em fevereiro de 2025, alegando atrasos no pagamento de valores ligados a direitos de imagem. A FIFA reconheceu a dívida e condenou o clube ao pagamento de mais de 8 milhões de dólares, cerca de 40 milhões de reais. De acordo com a representação protocolada por Augusto, o problema poderia ter sido evitado se Rozallah tivesse quitado a parcela de R$ 1,36 milhão mais US$ 43 mil, vencida no dia 10 de fevereiro de 2024.

Apesar dos alertas de agentes e comunicados internos, o pagamento não foi feito, mesmo com disponibilidade financeira. “O clube possuía saldo suficiente para arcar com o acordo acima destacado. Vejamos o fluxo financeiro do clube entre 16/02/2024 e 24/02/2024 que comprova a disponibilidade de pelo menos R$ 3,7 milhões suficientes para evitar a rescisão do contrato de forma unilateral”, argumenta o documento.

Um e-mail datado de 21 de fevereiro de 2024, enviado pelos representantes de Rojas, reforçava que o jogador poderia romper o vínculo caso o valor não fosse pago. A rescisão acabou oficializada poucos dias depois. O impacto foi imediato e gerou repercussão nacional e internacional, acendendo o alerta para a má condução do caso.

Voto polêmico e acusações de omissão

Rozallah, por sua vez, se defendeu em entrevista à Gazeta Esportiva, lançando responsabilidade sobre a presidência. “A decisão de não pagar foi da presidência, não minha. Eu alertei, mas fui ignorado”, declarou à época. Ele ainda afirmou que alertou diversas vezes sobre o risco da rescisão e que não foi ouvido pela alta cúpula do clube.

Augusto Melo rebate essa versão no ofício enviado à Comissão, onde diz que Rozallah não apresentou estratégias de longo prazo, falhou em medidas básicas de gestão de risco e se omitiu em momentos cruciais. “Pelo contrário, optou por uma postura de omissão em diversos episódios que culminaram em prejuízos significativos para o Corinthians”, escreveu o presidente.

Com o pedido oficialmente protocolado, cabe agora à Comissão de Ética avaliar os argumentos e provas apresentados. As possíveis consequências vão desde o arquivamento da denúncia até a expulsão definitiva de Rozallah Santoro do quadro de associados, em um desfecho que promete ainda mais tensão nos bastidores do clube.