Rondinelli revive passado no Flamengo
O Flamengo ainda celebrava o gol decisivo de Danilo no Monumental de Lima quando uma lembrança poderosa voltou a ganhar vida entre os rubro-negros. Contudo, ninguém sentiu essa conexão histórica com tanta intensidade quanto Rondinelli, autor do cabeceio mais emblemático do clube e eternizado como “Deus da Raça”. Aos 71 anos, o ídolo acompanhou a final da Libertadores em um sítio no interior de São Paulo e não conteve a emoção ao perceber que a jogada reproduzia, quase como um espelho, o momento que consagrou sua geração.
Logo depois da conquista, começaram a surgir comparações entre o gol de 1978, que decidiu o Carioca contra o Vasco, e o cabeceio que garantiu o inédito tetracampeonato da América ao Brasil. Portanto, apenas algumas horas após o apito final, o celular do ex-zagueiro já recebia vídeos, fotos e mensagens apontando cada detalhe que conectava as duas gerações.
De acordo com Rondinelli, a percepção dessas semelhanças demorou um pouco a chegar. “Eu estava com um grupo de amigos aqui no sítio, e realmente a vibração foi do gol, não tive menor noção. Quase de madrugada, umas 23h, começaram a chegar mensagens lembrando do meu gol. Aí fui percebendo: cruzamento do camisa 10; batida pelo lado direito; ele sobe lá no alto; cabeçada fulminante; bola entrando do mesmo lado; e até a saída para comemorar é parecida. Só faltou a cambalhota! Quando encontrar ele vou cobrar isso”, brincou o ídolo.
Um gol que ecoa por gerações
Além da emoção, Rondinelli destacou como o lance de Danilo repercutiu de forma imediata entre torcedores. Assim, até mesmo o samba “Festa Profana” começou a ser revisitado pela torcida, que já cogita incluir o nome do zagueiro na letra, algo raro para um defensor. A ideia é transformar a jogada em celebração permanente nas arquibancadas, como já ocorreu com ídolos recentes como Pedro, Gabigol e Guerrero.
Ao refletir sobre o impacto dessa conquista, Rondinelli não hesitou em equiparar a equipe atual às maiores da história rubro-negra. “Eu tenho para mim que essa geração faz por merecer. Liderada por um baita jogador como Filipe Luís, que ganhou tudo. A geração Zico teve a torcida como 12º jogador, e vejo isso hoje também. O mesmo carinho da nação com a geração de 81 pode existir com a geração Arrascaeta”, afirmou.
Presença constante mesmo à distância
Mesmo vivendo no campo, Rondinelli segue conectado às raízes rubro-negras. No último ano, esteve no Rio, visitou o museu na Gávea e acompanhou Flamengo x Inter no Maracanã. Com 407 partidas disputadas, é o 18º atleta que mais vestiu a camisa do clube, um número que reforça sua autoridade para analisar qualquer zagueiro que passe pelo clube.
Quando perguntado sobre quem mais se aproxima da energia que o consagrou, Rondinelli não demorou a escolher. “Eu gosto muito do Léo Ortiz, ele é tecnicamente nojento, no bom sentido. Também gosto do Léo Pereira, firme, raçudo. E tem o menino da base, o João Victor. Mas, pela qualidade técnica, é o Ortiz, o camisa 10 da zaga”, elogiou.
